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Foi-se o tempo da Justiça

ROBERTO BARBOSA

Belém e todos os municípios da zona metropolitana (Ananindeua, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará, além do distrito de Mosqueiro, do outro lado da ilha) amanheceram sem ônibus. Os rodoviários, há quinze dias, vinham negociando com as empresas, aumentos salariais e não se falava em greve.
Mas a greve estourou. Foi decidida ontem à tarde. Deveria atingir 60% da categoria dos rodoviários e o restante permaneceria prestando os serviços, afinal, o ônibus é o maior meio de transporte urbano utilizado pelo belenense para ir e vir.
A determinação não foi cumprida. Até o final da manhã de hoje, só se viam pelas ruas, automóveis, Kombis e vans e nenhum ônibus regular trafegando. Informes sobre o assunto davam conta que os rodoviários estariam impedindo a saída dos veículos das garagens.
Se os sindicatos irão pagar a multa diária de R$ 10 mil estabelecida pela Justiça, isso é outra coisa, mas a greve, até então, está 100%.
Muito bom o direito de se protestar e exigir melhoria salarial, já que neste país a única coisa que não aumenta são os salários. Todavia, a comunidade inteira está prejudicada.
Fico a pensar se, quando a greve for considerada “abusiva” pela Justiça, se será suspensa realmente, afinal, os professores não levaram em conta a decisão judicial e continuam com a greve abusiva e faz mais de dois meses que os estudantes não freqüentam as aulas.
A Justiça não é mais como antigamente, soberana e respeitada, afinal, de suas entranhas, também já eclodiram escândalos de corrupção e nepotismo, a exemplo do que ocorre há séculos com os poderes Executivo e Legislativo, uma rotina que ninguém nem comenta mais com espanto. Virou cultura. O brasileiro, gostando ou não, já está acostumado com tanta corrupção, injustiça, roubalheira, falta de saúde, educação, salários escravizantes e por aí vai.

QUE PAÍS É ESTE

Bandas de rock nacional já gravaram muita coisa sobre o Brasil e sua cultura do faz de conta. O filme já é antigo, igual aos que são exibidos pela Globo e SBT – este ainda diz “pela primeira vez na TV”.
Semana passada morreu, em Manaus, o senador Jefferson Peres. Ele se dizia decepcionado com a política e que, por isso, não concorreria mais a um cargo eletivo. Um homem probo, decente, ético e honesto. Poucos são esses e rápido se vão. As pestes vão ficando.
Continuamos como no Brasil colonial, vivendo das sobras da corte. No Brasil colônia de Portugal, início da raça brasileira, mistura de brancos, negros e índios, o brasileiro comia a feijoada, feita com os restos desprezados pelos senhores dos engenhos. Hoje, vivemos das sobras da corte chamada Brasília e poderes estaduais e municipais. Por isso, não temos salários dignos como os deputados, senadores, governadores, vereadores, juízes, desembargadores, promotores públicos e altos executivos. Somos as sobras do povo que vive na senzala.
É por isso que existe a greve e os professores, intermediários da cultura entre o saber e o povo, começaram com o novo movimento de não aceitar pacificamente as determinações da Justiça. Possivelmente, a lição seja aprendida pelos rodoviários e outras categorias. E o Brasil poderá, assim, parar mais do que já viveu ao longo de seus 500 e poucos anos de existência.

PS – Se você quer entrar na elite e não passar por essas situações e andar de carrões, a fórmula é esta:
Ser político, pastor, tirar na loteria ou virar assaltante descarado, de banco, porque, de galinha, vai pra cadeia ou pra sepultura.

SALADA

° Prefeitura de Belém está com um problema grave. Poderá ficar sem prefeito alguns dias. Duciomar Costa, o prefeito, deve viajar. Para não ficar inelegível nas próximas eleições, o vice-prefeito, Manoel Pioneiro, renunciou ao cargo. O presidente da Câmara de Vereadores, Zeca Pirão, quer, também, concorrer. Por isso, recusa-se a assumir o cargo e, por aí continua...

° A frente da cidade de Oriximiná está sob águas. Tem chovido muito por lá e a prefeitura não fez serviços de saneamento que evitariam tais problemas.

° A fedentina na pedra das geleiras do Ver-o-Peso, ontem, estava cruel. Nosso cartão postal, uma das maravilhas do Brasil, é um fedor só.

° Os transportes clandestinos, ontem, já estavam com passagens majoradas para R$ 1,50. Quem ousasse cobrar acima disso, poderia ser punido pelo chefão da cooperativa irregular. É o que dizem os jornais de hoje em Belém.

° Chuva que caiu sobre a capital ontem à tarde foi das mais fortes. Afinal, em Belém não existe estações do ano. Apenas uma que chove mais, que chamamos inverno, e outra que chove menos, que classificamos como verão.

° De qualquer maneira, para maio e junho, diz-se que é primavera; para outubro e novembro, que é outono.

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