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Estado nega água à população

ROBERTO BARBOSA

Desde o momento em que a Prefeitura Municipal de Belém começou as obras de ampliação da Avenida João Paulo II, foram feitos serviços estruturais, a começar do muro que separa, da pista, o Parque Ambiental de Belém, onde estão os mananciais de águas da Cosanpa. Posteriormente, foi feito o saneamento da avenida para, finalmente, começarem as obras de pavimentação da pista que já está aberta ao tráfego, inclusive com uma linha de ônibus direto do bairro do Souza para o Centro, o João Paulo II/Ver-o-Peso.
Na época, ocorreu um problema de saneamento nas dependências do Parque Ambiental de Belém e foram, por isso, feitas duas aberturas no muro que, até à última sexta-feira, não haviam sido fechadas.
Essas aberturas, se, de um lado, facilitaram a vida da comunidade lá existente, que passou a tirar água mineral da secular bica ali situada, de outro, proporcionou o aumento da violência. Há dois meses, durante a Semana Santa, ocorreu uma cena de violência com tiroteio que resultou na morte de uma pessoa, não obstante o fato de haver, a menos de 300 metros do local, um quartel da Polícia Militar, o Batalhão de Polícia Ambiental-BPA.
Pois bem, em função dessas cenas de violências, inclusive com assaltos, estupros, esfaqueamentos e outros crimes ali ocorridos, a PM passou a fazer um cerco, evitando que as pessoas que freqüentam o local continuassem a se banhar nas águas do igarapé de água cristalina existente no local. Menores foram retirados da área, pessoas adultas foram advertidas, etc.
Na sexta-feira passada, entretanto, foi tomada uma medida drástica que não é aceita pela comunidade da Avenida João Paulo II, no bairro do Souza, perímetro compreendido entre o II Ramal do Utinga e a Assembléia Paraense: operários começaram a fechar a entrada da bica, de onde todos retiram água mineral, já que, conforme reclamam, a água da Cosanpa não é de boa qualidade.
- Esse poder público é assim: eles fecham o local por onde as pessoas de bem retiram água e não fecham a parte do muro por onde entram os vagabundos pra fumarem maconha, assaltarem, beberem e fazer tudo quanto não presta, - disse, revoltado, um representante da comunidade, para quem, o Estado poderia fazer um trabalho preventivo e urbanizar o local da bica, a fim de que todos pudessem se servir de água de boa qualidade, de forma gratuita, a exemplo do que acontece com a fonte do Caranã, em Salinas, onde há água de graça para todos.
“Se em Belém temos fonte, por que não se pode usar? Do que adianta ter um parque ambiental que ninguém pode freqüentar, meu Deus do Céu?” indaga outro morador.
Nesta semana, os moradores da Avenida João Paulo II esperam chegar a um acordo com o Estado e BPA no sentido de que todos possam continuar, pelo menos, a ter direito a água mineral gratuita e de qualidade.
Fontes da Polícia Militar garantem que o fechamento da bica é de fundamental importância para a preservação do meio ambiente, assim como de se conter a violência que é assustadora na área.

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